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terça-feira, 16 de abril de 2013

Dentro ou fora da caixa?



Ensinar a pensar “fora da caixa”. São poucos os casos em sala de aula (ou fora dela) onde alunos são estimulados a ir mais longe, a dar uma solução diferente para resolução de problemas, ou mesmo transformar estes problemas em grandes oportunidades. Organizações e sociedade carecem de um pensar diferente, tão necessário e precioso nos momentos de crise.


Segundo o jornal Valor Econômico (11/04/2013), escolas de liderança criativa começam a ganhar espaço na Europa, justamente num período de acentuada crise financeira e social no continente, promovendo o atendimento a pessoas que não se adaptam ao sistema tradicional corporativo ou educacional. O modelo propõe o desenvolvimento de habilidades como inovação, empreendedorismo corporativo e capacidade de tomar decisões rápidas em ambientes caóticos ou incertos. Os currículos multidisciplinares, a aprendizagem por projetos corporativos reais e avaliação de pares, fazem parte de algumas instituições europeias preocupadas com a padronização do pensar humano.


E o caminho para novas descobertas passa realmente por aí. Tomando o exemplo das escolas de liderança criativa europeias, analisemos o planejamento, o método, o currículo e a forma de avaliação praticados por algumas escolas de educação profissional no Brasil, do nível básico ou técnico, até mesmo cursos de pós-graduação e MBAs. Não temos no país escolas correspondentes ao exemplo europeu. Deveríamos ter. Transportando o exemplo das escolas de liderança criativa ao currículo de educação profissional nacional, notamos ainda o privilégio do ensino de habilidades funcionais e conhecimento técnico muito específico. Não damos o devido valor ao desenvolvimento das competências comportamentais requeridas pelas profissões, dentre elas a liderança e a inovação.

Precisamos desenvolver o profissional da atitude. Verdadeiras lideranças e gestores competentes para enfrentar o incerto. Penso que algumas instituições europeias, como a dinamarquesa KaosPilot, a holandesa THNK, a inglesa Regent´s College London e a alemã Berlin School of Creative Leadership, (citadas no Valor) mostram como isso deve ser feito no quesito liderança. Selecionam com profundidade e formam turmas bem heterogêneas mesclando, por exemplo, executivos com pessoas que sequer têm graduação universitária. Nacionalidades diferentes. Formações educacionais diferentes. Ao lidar com a diversidade, o aluno desenvolve habilidades como mediação e capacidade de adaptação. Vários olhares e entendimentos sobre determinada coisa (experimento) levam a processos de inovação e a emergência de lideranças criativas. Saem da “caixa”...

O Brasil vem investindo na ampliação do número de escolas técnicas federais e na criação de mais vagas em conjunto com a rede privada de educação profissional. Vem promovendo o acesso ao ensino superior, através de políticas publicas como o ProUni. Estimula o acesso à iniciação científica e à pesquisa no exterior, objetivo do Ciência sem Fronteiras.

É sabido o que o governo vem fazendo neste segmento e, contudo, nossos futuros líderes estão inseridos nele. Qualificamos profissionais para o mercado de trabalho ou para o mundo do trabalho? Quero dizer: formação de empregados padrão ou de lideranças criativas?
Pense amigo leitor se, neste momento de oportunidades para o Brasil, não estamos apenas enchendo a “caixa” e fazendo mais do mesmo...

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