Ensinar a pensar “fora da
caixa”. São poucos os casos em sala de aula (ou fora dela) onde alunos são
estimulados a ir mais longe, a dar uma solução diferente para resolução de
problemas, ou mesmo transformar estes problemas em grandes oportunidades.
Organizações e sociedade carecem de um pensar diferente, tão necessário e precioso
nos momentos de crise.
Segundo o jornal Valor Econômico
(11/04/2013), escolas de liderança criativa começam a ganhar espaço na Europa,
justamente num período de acentuada crise financeira e social no continente,
promovendo o atendimento a pessoas que não se adaptam ao sistema tradicional
corporativo ou educacional. O modelo propõe o desenvolvimento de habilidades
como inovação, empreendedorismo corporativo e capacidade de tomar decisões
rápidas em ambientes caóticos ou incertos. Os currículos multidisciplinares, a
aprendizagem por projetos corporativos reais e avaliação de pares, fazem parte
de algumas instituições europeias preocupadas com a padronização do pensar
humano.
E o caminho para novas
descobertas passa realmente por aí. Tomando o exemplo das escolas de liderança
criativa europeias, analisemos o planejamento, o método, o currículo e a forma
de avaliação praticados por algumas escolas de educação profissional no Brasil,
do nível básico ou técnico, até mesmo cursos de pós-graduação e MBAs. Não temos
no país escolas correspondentes ao exemplo europeu. Deveríamos ter. Transportando
o exemplo das escolas de liderança criativa ao currículo de educação
profissional nacional, notamos ainda o privilégio do ensino de habilidades
funcionais e conhecimento técnico muito específico. Não damos o devido valor ao
desenvolvimento das competências comportamentais requeridas pelas profissões,
dentre elas a liderança e a inovação.
Precisamos desenvolver o
profissional da atitude. Verdadeiras lideranças e gestores competentes para
enfrentar o incerto. Penso que algumas instituições europeias, como a
dinamarquesa KaosPilot, a holandesa THNK, a inglesa Regent´s College London e a
alemã Berlin School of Creative Leadership, (citadas no Valor) mostram como
isso deve ser feito no quesito liderança. Selecionam com profundidade e formam
turmas bem heterogêneas mesclando, por exemplo, executivos com pessoas que sequer
têm graduação universitária. Nacionalidades diferentes. Formações educacionais
diferentes. Ao lidar com a diversidade, o aluno desenvolve habilidades como
mediação e capacidade de adaptação. Vários olhares e entendimentos sobre
determinada coisa (experimento) levam a processos de inovação e a emergência de
lideranças criativas. Saem da “caixa”...
O Brasil vem investindo na
ampliação do número de escolas técnicas federais e na criação de mais vagas em
conjunto com a rede privada de educação profissional. Vem promovendo o acesso
ao ensino superior, através de políticas publicas como o ProUni. Estimula o
acesso à iniciação científica e à pesquisa no exterior, objetivo do Ciência sem
Fronteiras.
É sabido o que o governo vem
fazendo neste segmento e, contudo, nossos futuros líderes estão inseridos nele.
Qualificamos profissionais para o mercado de trabalho ou para o mundo do
trabalho? Quero dizer: formação de empregados padrão ou de lideranças criativas?
Pense amigo leitor se, neste
momento de oportunidades para o Brasil, não estamos apenas enchendo a “caixa” e
fazendo mais do mesmo...
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